terça-feira, 11 de agosto de 2009

Bang bang no senado

No dia 4 de dezembro de 1963 o senador Arnon de Mello (Pai do ex-presidente - Fernando Collor de Melo) sacou a arma em uma sessão do Senado Federal e mandou bala pra cima do senador Silvestre Péricles, seu inimigo político em Alagoas e a quem acusava de tramar seu assassinato.


Péricles, como um Garrincha das tribunas, driblou os tiros com impressionante habilidade e também sacou a arma - e o Senado viveu momentos de saloon do velho oeste.

Quem pagou o pato nesse bang bang parlamentar foi o suplente acreano José Kairala, que levara a mulher e as filhas ao parlamento para comemorar o último dia do seu mandato. Um dos tiros de Arnon acertou Kairala no peito, diante da família.

Há que se ressaltar que, mesmo no meio do pega pra capar, os parlamentares mantiveram a compostura, tratando-se, em pleno tiroteio, por Vossa Excelência, como pede o decoro da casa. Arnon de Mello, ao mandar bala pra cima de Péricles, gritava segundo testemunhas:

- Vossa Excelência vai morrer, filho da puta, safado. Me ameaçou!

Péricles, abaixado, respondia:

-Vossa Excelência é um crápula. Vossa Excelência é ladrão!

No final da zorra toda, com furo de bala até no teto do Senado, Arnon de Mello, o assassino de José Kairala, não sofreu qualquer tipo de punição pelo ato, protegido que estava pela imunidade parlamentar.

O grand finale do episódio aconteceu no dia seguinte. O jornal O Globo, de propriedade de Roberto Marinho - amigo e sócio de Arnon no jornal Gazeta de Alagoas - veio com um editorial em defesa do assassino, elogiando inclusive a cultura, a educação e a inteligência do bandoleiro alagoano. Um sujeito finíssimo, verdadeira flor de formosura, como a bala que matou Kairala na frente das filhas e da mulher. Dizia O Globo, nessa verdadeira pérola da imprensa canarinho:

"A democracia, apesar de ser o melhor dos regimes políticos, dá margem, quando o eleitorado se deixa enganar ou não é bastante esclarecido, a que o povo de um só estado - como é o caso - coloque na mesma casa legislativa um primário violento, como o Sr. Silvestre Péricles, e um intelectual, como o Sr. Arnon de Mello, reunindo-os no mesmo triste episódio, embora sejam eles tão diferentes pelo temperamento, pela cultura e pela educação".

Texto retirado de outro Blog...

Um comentário:

  1. Chega a ser nojento ver tanta podridão no governo do nosso Brasil e pra piorar a impunidade reina solta em todos os campos da politica.
    Mas o povo tem sua parcela de culpa, uma vez que coloca no poder "ladrões" de paleto.

    Parabenizo Hayud pelo excelente texto.

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